Capitulo IV - Dry Martini e Cocaína

   Acordei ainda tonta após várias doses de martini, quando eu achava que seu alocol não subia, agora estava enganada. Tia D'alma já havia saído, será que eu havia sonhado com tudo aquilo? Por outro lado, constatei que tudo havia sido real, pois o loubotin da Tia D'alma ainda estava por ali.
   Lembrei-me de tudo o que havia acontecido, imediatamente me lembrei que Lola havia ficado no furgão, mas havia sido por conta própria, aposto que aquela doida queria cocaína, e os caras tinham, e era assim! Quando ela queria drogas não tinha medos, ia até ao fim por uma unica carreira de cocaína!

   Tentei ligar no celular de Lola que parecia estar desligado, a minha preocupação aumentava a cada minuto, tentei ligar para o celular da Tia D'alma que chamava, chamava, chamava e nada. Me vesti rápido e decidi ir até à casa de Lola, e assim eu fiz.

  A esta altura, Álvaro havia desaparecido de vez, nem sinal do desgraçado, e embora eu quisesse que ele me ligasse, não tinha tempo para pensar em tais coisas por ora, agora a maior preocupação era com o mistério do desaparecimento de Lola e Tia D'alma. Enquanto o ônibus andava, eu ficava imaginando que tudo estava bem, que Tia D'alma havia ido para sua casa após me deixar em segurança e que Lola estava desmaiada em seu apartamento após uma longa noite de martinis e cocaína, e que só iria acordar e ligar para ela a fim de sair a noite mais uma vez.

  Mas algo estranho estava pairando no ar, não saberia dizer o que era, mas eu sentia algo estranho, não acredito em sexto sentido, mas se existisse eu estaria sentindo naquele momento. Desci do ônibus no terminal de linhas e foi onde meu mundo desabou por terra, uma senhora um pouco a frente tomava café em copo plástico e conversava com outra mulher fumando, soltando enormes baforadas de fumaças enquanto boquiaberta comentava sobre...

  -Que absurdo, tão jovem e terminar a vida de uma forma tão trágica!
  -Deus me livre falar assim, mas me parece que ela procurou por um fim assim, onde já se viu ficar usando drogas sendo tão jovem?

  Será que estavam falando de Lola? A cidade era grande, quantas meninas usavam drogas pelas ruas, não poderia ser uma coincidência, acho que estava neurótica sobre qualquer coisa relacionada à minha amiga, agora estava começando a ficar preocupada pra valer e as lojas pareciam borrões de cores fashion diante da velocidade que eu andava pelas ruas.

   O borrão parou abruptamente quando parei de frente para uma banca de revistas, e não era para ver a capa da Billboard e ver os músculos e a franja deliciosa do Justin, nem para comprar a nova capa da Niina Secrets, mas era para ver a primeira página do jornal local, nunca havia me importado com jornais assim, mas a manchete era assustadora e dizia:

   Jovem morre de forma misteriosa na "BR-66".

  Meu coração disparou e pulou para a boca, meu mundo ficou em camera lenta e as mãos começaram a soar, agora eu estava totalmente neurótica ou algo naquilo tudo realmente estava voltado à minha amiga Lola. Ao passar o transe me aproximei do jornal e o peguei, já sabendo que a casa de shows onde passamos a ultima noite ficava próxima à BR-66, e alí comecei a me derreter enquanto meu corpo implorava para uma mentira, mas foi ali que vi a foto de Lola, e a matéria trazia o óbito de minha amiga, minha melhor amiga... Morta!

  Meu corpo foi escorregando para o chão enquanto da minha garganta desprendia-se um grito de dor e de morte, comecei a me unhar enquanto não acreditava no que eu lia, pessoas começavam a me cercar tentando me acalmar mas tudo era muito infame, apenas gritava como um animal enquanto uma dor quase insuportável feria algo dentro de mim, era algo que jamais havia sentido e que jamais eu gostaria de ter sentido.

  Demorei alguns minutos para voltar à realidade e me desvincilhar das pessoas que tentavam me acalmar, liguei mais uma vez para o telefone da Tia D'alma e desta vez deu certo. Imediatamente a voz dela soou do outro lado da linha e estava chorosa e desesperada, apenas disse para encontra-la o quanto antes e assim nós fizemos...





Continua...